sábado, 27 de outubro de 2012



Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, em palestra pública, ao ar livre, na praia
Divaldo é co-fundador da obra assistencial Mansão do Caminho

O aspecto que impressiona os leigos, os curiosos e os detractores do Espiritismo é o intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo material. Para quem está de fora e julga tudo saber, nenhum aspecto do Espiritismo tem qualquer tipo de interesse - a não ser o contacto com o Além.

Os curiosos julgam que as associações espíritas promovem espectáculos públicos de conversa com os «mortos». Vão uma vez na vida a uma associação espírita, não assistem ao esperado espectáculo, e saem desiludidos, a palestra pública em nada lhes interessou, e concluem que afinal o Espiritismo «é só falar».

Os detractores dividem-se em dois grupos:

O dos radicais ateístas, que acham que o Espiritismo é «falar com os mortos», logo é fraude, pois eles decidiram o que é possível e o que é impossível – tal como antigamente as autoridades eclesiásticas decidiam que era o Sol que se movia e não a Terra.

O dos radicais religiosos, que não duvidam da comunicação entre dois mundos, mas que, caso ela ocorra fora da sua confissão religiosa, não pode deixar de ser «obra do Diabo» - tal como a mini-saia, a dança, as artes marciais, os piercings, as tatuagens, a maquilhagem, a igualdade entre os sexos, a homossexualidade, a Teoria da Evolução, o orock’n’roll, os medicamentos, as vacinas, as transfusões de sangue, o progresso tecnológico, a liberdade de pensamento e de expressão, a liberdade religiosa e muitas outras coisas tenebrosas!

É sempre curioso verificar como os extremos se tocam…

O Espiritismo, ainda que se apoie em factos, é, no seu conjunto, uma crença. Como ser-se umbandista, católico romano, budista, agnóstico, rosacruciano, animista, protestante, candomblecista, xintoísta, ateu, Testemunha de Jeová, martinista, copta, anglicano, pagão, wiccano, satanista, católico ortodoxo, muçulmano, judeu, teósofo, Maná, IURD, etc., etc., etc..

Passará pela cabeça de alguém minimamente equilibrado taxar de fraude a crença alheia? Uma crença é uma interpretação da realidade, é uma opinião acerca do mundo, da vida, da felicidade e da infelicidade, da existência ou não de Deus, da ética do egoísmo ou do altruísmo. Crenças religiosas e filosóficas são propostas de modelos interpretativos da realidade.

Além do respeito que deve haver em relação à crença de cada um, não faz sentido considerar uma crença como «fraudulenta». Se é crença, é opinião pessoal. O conceito de fraude implica enganar deliberadamente o próximo.

Já usar uma crença sincera para aproveitamento fraudulento, isso é outra coisa. Aí será caso de Polícia, e na nossa opinião, merecedor de castigo severo. Um indivíduo que se apresente, por exemplo, como enviado de Deus, como profeta e santo, e que, com maior ou menor engenho, explore a crença sincera dos que lhe caiam na rede, deve ser a lei dos Homens a tomar conta dele, pois a lei de Deus é iniludível. Mas quer numa quer noutra, não nos metemos. Não somos agentes da lei nem representantes de Deus na Terra.

Já se nos acusarem de o fazermos, reservamo-nos o mesmo direito de defesa que assiste a qualquer outra Ideia. Por muita superficialidade e preconceito que revelem, há ataques que não deixam de ser lamentáveis.

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