sábado, 27 de outubro de 2012


 
Houdini
 
O ilusionista Houdini era dos que na sua época perfilhavam o raciocínio do «se há uma fraude, tudo é fraude».  É por isso um herói nos meios ateístas, tal como O Grande Randi, outro ilusionista tomado do mesmo tipo de fúria, só superada pelo preconceito e desconhecimento. Cá em Portugal, para não ficarmos atrás, temos o Luís de Matos,ilusionista que vai pela mesma via. Afinal, ele é profissional da ilusão, ele «sabe como se faz».

Se hoje os fenómenos paranormais são tão mal compreendidos, imagine-se o que era naquela época. Nos teatros da América e da Europa, exibiam-se médiuns que por esta ou aquela razão comercializavam a sua mediunidade, sendo exibidos como curiosidades de feira, a par com habilidosos ilusionistas que encenavam em palco aparições, movimentos de objectos e outros efeitos especiais. Enchiam recintos de espectáculos e faziam-se pagar bem. Aproveitavam a popularidade do Modern Spiritualism e pretendiam apresentar em palco os fenómenos de que as massas ouviam falar e não compreendiam. Os recursos cénicos desse tempo eram tão limitados que esses ilusionistas chegavam a apresentar em palco pessoas com fato preto com desenho a braço de um esqueleto e apresentavam as caricatas figuras como os «mortos»!

Naturalmente, que se se apresentassem como aquilo que eram – ilusionistas - nada haveria a dizer. Mas assim, tratava-se efectivamente de fraude.

Houdini tomou nas suas mãos a missão de acompanhar a Polícia às salas de espectáculos, e de, a meio da actuação, saltar para o palco e expor o mecanismo das ilusões. Fosse por ignorância ou má-fé, o que Houdini tentava fazer era equiparar o Modern Spiritualism a esses espectáculos de sabor ingénuo. Era uma questão pessoal, uma má vontade que punha tudo no mesmo saco e levava tudo à frente.

Era como se hoje um ilusionista saltasse para a barraca dos fenómenos da feira, e demonstrasse que a Rapariga-Polvo é afinal um jogo de espelhos. Se tal acontecesse, ficaríamos na dúvida sobre o que é mais ridículo: acreditar na veracidade da Rapariga-Polvo ou querer «desmascarar» a «farsa». Mas pior ainda seria pretender que não existem polvos, apenas porque uma rapariga, graças a um jogo de espelhos, pode fazer-se passar por um polvo!

Mais ainda: Houdini atacava indistintamente os vendedores de ilusões que se aproveitavam da ignorância popular, e as pessoas honestas que professavam a crença no Modern Spiritualism invadindo-lhes as reuniões com a Polícia atrás, num arremedo norte-americano da Santa Inquisição de má memória.

Mas como cada um tem a maturidade moral que tem, e a evolução é lenta para todos, aceitemos compassivamente a mesquinhez dos Houdinis e dos seus admiradores.
http://blog-espiritismo.blogspot.com.br/2012/10/breve-resposta-fiolhais-houdinis-ca.html
 

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